quinta-feira, maio 18, 2006

A aposta de Maia/Brenha


Terminada a época de Indoor, as atenções viram-se para o Voleibol de Praia. Em Portugal, o Campeonato Nacional Lumitek 2006 decorrerá de 9 de Junho a 28 de Agosto, percorrendo todo o país.
A nível internacional, o Swatch FIVB Beach Volley World Tour 2006 (Circuito Mundial de Voleibol de Praia) começa hoje e termina em Novembro.
Miguel Maia/João Brenha, a dupla portuguesa mais credenciada a nível mundial, que vai estagiar no Brasil nas próximas semanas, tentará participar na maioria das etapas, de forma a amealhar pontos que lhe abram a possibilidade de estar presente, pela quarta vez consecutiva, nos Jogos Olímpicos.
Esses são os objectivos prioritários, de acordo com Miguel Maia.

– Qual vai ser a aposta da vossa dupla para o World Tour de 2006?

Miguel Maia – A aposta no World Tour deste ano é a de tentarmos fazer aquilo que não temos feito, isto é, participarmos em quase todas as provas. Temos sido impedidos de concretizar esse objectivo devido a lesões e esperamos ser muito mais regulares para assim conseguirmos alguns bons resultados. Esses resultados podem passar pelos lugares do meio da tabela, pelos 9.ºs lugares, pelos 7.ºs lugares, para nos mantermos dentro do Quadro Principal, que é o nosso grande objectivo.
No ano passado tivemos praticamente sempre fora do Quadro Principal devido à não participação nas provas realizadas em anos anteriores, o que nos causou bastantes transtornos e um esforço redobrado.

– E os Grand Slams?

MM – É óbvio que nos Grand Slams ou nas etapas onde a pontuação é maior [como no Campeonato do Mundo], gostaríamos de alcançar bons resultados, no sentido de amealharmos o maior número de pontos para subirmos na classificação e mantermos um lugar que nos dê alguma segurança, mas o nosso primeiro pensamento vai para a participação no maior número de provas e para que não ocorram lesões, de modo a podermos encarar nos próximos dois anos, que são anos decisivos, o apuramento para os Jogos Olímpicos [Pequim 2008].

– O Open de Portugal, disputado em Espinho, de onde é natural a dupla, poderá ser uma etapa importante para a obtenção desses resultados...

MM – É um prazer enorme para nós jogarmos em Portugal, principalmente em Espinho, e tentaremos de todas as formas obter aí um bom resultado. Sabemos que é cada vez mais difícil jogar no Open de Portugal, pois há cada vez mais e melhores duplas, mas iremos dar o máximo para obtermos o melhor resultado possível, sem embandeirar em arco e sem traçarmos objectivos altíssimos.... Estamos conscientes do valor que possuímos, mas também de que tudo é possível.
Esperamos ter o apoio do público, como aconteceu sempre nos anos anteriores e tentar encarar tudo de uma forma descontraída, sem problemas físicos que condicionem a nossa forma de jogar.

– Recentemente, o norueguês Vergard Hoidalen, um dos mais famosos jogadores de Voleibol de Praia, afirmou: “Uma dupla que sempre me impressionou muito é a de Maia/Brenha, de Portugal. Conseguiram atingir duas meias-finais olímpicas apesar de serem de muito baixa estatura para jogadores de Voleibol de Praia, tendo, no entanto, uma defesa extraordinária, serviços fortes e um excelente toque de bola”...

MM – Para nós, essas palavras são um motivo de orgulho. É o reconhecimento daquilo que nós temos vindo a fazer. Sabemos que somos reconhecidos pelos atletas que compõem o Circuito Mundial, alguns que já deixaram de jogar, outros que estão a começar e que nos vêem como ídolos. São muitas as duplas que gostam de abordar-nos, falar connosco e dar-nos os parabéns por aquilo que temos vindo a fazer ao longo da nossa carreira e isso é mais uma prova de que temos tido um trabalho válido e sério e que tem dado frutos.
Para além disso, não é só o nosso nome, é o da Federação Portuguesa de Voleibol e do próprio país, que é reconhecido em todo o mundo.

– Em relação ao Campeonato de Voleibol Indoor, o SC Espinho conseguiu um triunfo «suado», mas que estava dentro das suas expectativas?

MM – Não. O Espinho nunca foi candidato a ganhar o Campeonato. Tínhamos um plantel inferior em termos de qualidade e de soluções em relação aos nossos adversários, mas conseguimos jogar na superação das nossas forças.
Enfrentámos adversários bastante superiores a nós mas, com a nossa experiência e também, em algumas situações, com alguma dose de sorte, conseguimos obter vitórias que não esperávamos alcançar. Mas Lutámos por isso e merecemos, por tudo o que fizemos: ganhámos na pré-época, ganhámos a Fase Regular e depois acabámos por ganhar o Play-off. Penso que foi mais do que merecido, apesar de não sermos os principais candidatos.
Nalguns jogos tivemos a estrelinha da sorte connosco, mas o desporto também é assim. Numas alturas essa estrelinha está connosco, noutras não.

– Quais foram os principais argumentos apresentados do SC Espinho?

MM – O Espinho é uma equipa bastante experiente. Tem adquirido, ao longo dos anos, a experiência de estar em finais e de ganhar campeonatos. Muitos dos jogadores que ali estão já ganharam muitos campeonatos. Temos quatro ou cinco jogadores, que, juntos, têm mais de 40 campeonatos, taças ou supertaças ou seja, já habituados a jogar as grandes decisões. E conseguimos encarar os jogos de uma forma totalmente diferente da dos nossos adversários, nos quais se calhar imperou mais a ansiedade, a falta de experiência em algumas alturas, o que pela nossa parte foi levado com muito mais tranquilidade.

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